Ex-Constituinte; Ex-Ministro da Cultura
Lembro uma frase que senti sempre muito profundamente: “Nós também somos o que os outros fizeram de nós”
Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania
A atribuição do Prémio Fé e Liberdade 2023 a Dr. Pedro Roseta constitui um motivo de especial regozijo, uma vez que se trata do reconhecimento de um percurso exemplar de cidadania.
Obituário José Mattoso: Entre Tempo e Reflexão
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Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania
José Mattoso foi um profundo renovador da moderna historiografia em Portugal
Ao falar de identidade nacional, José Mattoso lembra a anedota que se contava do rei D. Luís quando, já bem adiantado no século XIX, perguntava do seu iate a uns pescadores com quem se cruzou se eram portugueses e a resposta foi bem clara: “Nós outros? Não, meu Senhor! Nós somos da Póvoa de Varzim”. Com efeito, é sempre complexo o processo de definição do que designamos por identidade nacional. Ela é inseparável de uma perceção coletiva. Por isso a consciência histórica é fundamental, correspondendo à noção de apropriação do poder, tendo no caso de Portugal o Estado precedido a Nação, num processo lento e gradual. Esta anedota serve para se perceber que, longe de um entendimento fechado, estamos perante uma realidade complexa e aberta, que no caso português se traduz num curioso cadinho que, na diversidade, se uniformizou no território, na fronteira, na língua e numa construção convergente realizada de norte para sul e de sul para norte. “A História-escrita não será nunca reprodução da História-vivida” – disse-o José Mattoso (cf. A História Contemplativa – Ensaio, Temas e Debates, Círculo de Leitores, 2020). “A História-escrita não será nunca reprodução da História-vivida. Uma verifica os vestígios deixados pelo que aconteceu e relaciona-os entre si para representar o que já não existe. A outra é o conjunto dos próprios acontecimentos, que se sucedem no tempo e por isso podem ser recordados por quem os viveu, mas já não existem. Ao escrever a História construímos uma representação, ou seja, uma réplica do que aconteceu. Com efeito, os acontecimentos deram-se em momentos fortuitos, que não podemos representar porque a cada um deles segue-se outro momento”. A História-escrita não explica a reação dos poveiros. E para o historiador o encadeamento dos factos corresponde a operações mentais. Daí a necessidade de sínteses, de classificações, de agrupamentos racionais. Contudo, perante a complexidade temos dificuldade em distinguir o individual e o coletivo, o nacional e o internacional, os fatores sincrónicos e diacrónicos. Assim, a organização do tempo revela-se importante não apenas para distinguir a sucessão dos acontecimentos, mas também para permitir a comparação com o que ocorre noutros horizontes e que converge e diverge entre si. Como há um movimento permanente e simultâneo da sociedade humana, só podemos situar-nos na razão de ser das coisas a partir das referidas operações mentais.
Presidente da Fundação Konrad Adenauer
Ex-Presidente do Bundestag alemão
A estabilidade de um sistema democrático não assenta no papel de uma constituição bem escrita, mas na determinação dos seus cidadãos em levar a validade da constituição e das suas regras ainda mais a sério do que os respectivos objectivos e interesses individuais
Boa noite, senhoras e senhores, Senhora Presidente, Senhora Reitora, Excelências, Frau Botschafterin, querido Herr Gruber, caros alunos, ilustres convidados,
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer muito pelo gentil convite para participar nesta prestigiada conferência e pela particular honra de concluir os discursos, painéis e debates dos trabalhos deste ano. O meu entendimento do meu trabalho esta noite, tendo em conta o programa, é que se espera que eu preencha os minutos restantes entre pensar, comer e dançar com algumas observações duradouras sobre a democracia. E como podem imaginar, esta é uma situação bastante inconveniente, porque dada a complexidade do tema da conferência, “Rebuilding Democratic Consensus at Home and Abroad”, o tempo disponível é muito limitado. Então, espero que gentilmente me sigam na minha abordagem insuficiente.
Chairman, British Historical Society of Portugal
A ênfase em muitos dos projetos tem sido o cimentar de laços de amizade entre os cidadãos de ambas as nações
Seu Alteza Real, D. Duarte,
Seu Excelência Sr. Christopher Sainty, Embaixador Britânico em Portugal, Professor João Carlos Espada,
Ilustres convidados, Senhoras e senhores.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer, em nome de todos os presentes, ao Professor João Carlos Espada, pelas suas amáveis palavras de boas-vindas.
Estamos a comemorar a assinatura do Tratado de Tagilde e do Tratado de Londres há 650 anos e, em particular, da Aliança ba- seada na amizade perpétua de dois países, Portugal e Inglaterra. O Tratado de Tagilde foi assinado a 10 Julho de 1372 e a Aliança foi mais formalmente constituída pelo Tratado de Londres, assinado na Catedral de St. Paul’s a 16 de junho de 1373, pelo Rei Eduardo III de Inglaterra e representantes do Rei Fernando e da Rainha Leonor de Portugal. Essa Aliança foi então ratificada e prolonga- da pelo Tratado de Windsor em 1386.
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